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Novo Arcebispo do Rio encerra visita à cidade e volta a dizer que violência não terminará em pouco tempo

03 abr 2009

O próximo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, encerrou sua visita de dois dias à cidade com uma entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (2) e garantiu que sua gestão será de forte “presença”, com o intuito de descobrir as angústias, esperanças e dificuldades do povo fluminense.

Tido como um homem de forte dom para a comunicação – qualidade já ressaltada pelo atual Arcebispo, Dom Eusébio Scheid, que também participou da entrevista –, Tempesta é um dos fundadores da TV Nazaré e presidente nacional da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

(Leia: Dom Orani Tempesta será o novo arcebispo do Rio de Janeiro)

Ao falar sobre os problemas do Rio e suas expectativas, o tom do discurso foi o mesmo desta manhã, quando encontrou o prefeito Eduardo Paes. Segundo Dom Orani, o problema da violência na cidade não será solucionado de forma rápida:

– Não tenho ilusões de que consigamos resolver os problemas em um ano ou na Quaresma. O que temos hoje é resultado de muitos anos de não-valorização da vida, de egoísmo. Creio que, na questão de criminalidade, há varias explicações sociais, psicológicas, morais, religiosas. Mas não se resolve isso da noite para o dia. Temos que encontrar soluções a curto, médio e longo prazo – defendeu.

No encontro com Paes e Pezão, na manhã desta quinta-feira. O novo Arcebispo se mostrou, porém, otimista. Ele preferiu não polemizar sobre o atraso de Paes durante a manhã – cerca de uma hora e meia – e o não comparecimento de Sérgio Cabral (o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, o representou). Tempesta ressaltou que a parceria com as esferas municipal e estadual de governo será fundamental, sobretudo nas questões sociais e de educação, já que “as preocupações são as mesmas, pois o povo é o mesmo”.

Aos 58 anos, Dom Orani garantiu que vai assumir a Arquidiocese priorizando os trabalhos com os jovens e o respeito às crenças e à diversidade.

– A possibilidade de se respeitar mutuamente, de poder conviver com o mundo, é um grande desafio. Mas precisamos aprender que podemos conviver na diversidade – assegurou.

Em fevereiro, ao conversar com a imprensa sobre seus mais de oito anos à frente da Arquidiocese, Dom Eusébio se mostrou preocupado com a perda de fiéis sofrida pela Igreja Católica – estima-se que o Rio tenha hoje cerca de quatro milhões de católicos praticantes – e disse que uma das principais missões de seu sucessor seria fortalecer o aprofundamento da evangelização. Diplomático, Dom Orani não deu mostras de que a questão será uma de suas principais bandeiras:

– A maneira da Igreja trabalhar é diferente. Nós não fazemos proselitismo e não obrigamos ninguém a mudar de religião. Mas as estatísticas mostram que há uma recuperação dos católicos ativos na fé – afirmou.

Entre suas primeiras ações à frente da Arquidiocese, Dom Orani disse que pretende iniciar de imediato o processo de elaboração do 11° Plano de Pastoral, conjunto de medidas que norteiam o trabalho da entidade.

O nome de Dom Orani como novo Arcebispo do Rio foi anunciado em 27 de fevereiro deste ano. Ele assume oficialmente o lugar de Dom Eusébio Scheid no dia 19 de abril, às 15h, em cerimônia na Catedral Metropolitana. Segundo a assessoria da Arquidiocese, Sérgio Cabral participará da solenidade de posse.

Foto: Gustavo de Oliveira/ Divulgação

Fonte: Agência Rio de Notícias

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