“Ela é carioca, ela é carioca…”

Foto: Divulgação

Leitoras do Visão Carioca,

Só aquelas acima de 70kg sabem como é angustiante entrar em qualquer uma dessas lojas de shopping  e pedir para experimentar uma linda calça número 44 e depois da décima tentativa, acabar descobrindo que o único jeito de levar o objeto de desejo, é solicitar uma calça número 50… e ainda, depois do forçado pedido, ter que agüentar o olhar apreensivo da vendedora, que geralmente está na faixa de 50/60 kg e não ultrapassando dos 30 anos de idade, te olhando de cima abaixo, dizendo “Desculpe, Senhora (termo detestável!), mas só temos até o 48”. Depois da terceira loja o jeito é correr para a praça de alimentação, pedir o maior sanduíche, com o maior sundae e pronto: “Estou vingada!”.

Doce ilusão! Nos dias seguintes a depressão é  pior…procura-se então uma academia, reprimi-se qualquer tipo de refrigerante, come-se meio quilo de aveia com linhaça dourada, escuta-se música clássica, uma hora de meditação e longos períodos de caminhadas …Por algum tempo este é o foco. O tempo vai passando e a mulher real, aquela do dia-a-dia, começa a desfazer o ‘egocentrismo emagrecedor desesperado’ e começa a perceber os filhos, os amigos, o trabalho, o namorado, o marido, a profissão, os sonhos, a casa, os desafios, os medos e belezas da vida. Percebe que muitas vezes só ela é capaz de fazer a diferença na vida daqueles que ama. Ela percebe quantas pessoas em sua volta necessitam de sua companhia, de seu sorriso, de sua paz e percebe que a vida é curta demais para deixar que os momentos mais bonitos e significativos simplesmente passem despercebidos.

É claro que ela continua na caminhada três vezes por semana, procura uma ginástica e continua com uma alimentação saudável, mas percebe também que dificilmente ficará tão perfeita quanto ‘às meninas das capas de revista retocadas por photoshops’ porque as marcas de expressão podem ser disfarçadas mas nunca apagadas. Assim, consciente de si, decide viver de bem com a Vida, de bem consigo mesmo e com aqueles em sua volta.

E sendo brasileira, se orgulha das formas e tamanhos que tem! Formas admiradas pelo mundo inteiro…

Pois é, aquelas que são do tipo “gordinha”, “fofinha”, “bem dotada”, podem ficar felizes! É motivo de comemoração com direito a bolo de chocolate e sorvete de creme a reportagem “Revista norteamericana traz modelos gordinhas para a edição de novembro”  lançada nesta semana pelo portal MSN .

Depois de tanta reclamação, amento do mau humor (em especial no período da TPM) falta de horário nos psicólogos e psicanalistas parece que chegou nossa vez. O interesse por modelos “super size” para estrelar as capas de revistas femininas tem aumentado como uma forma de valorizar as mulheres ‘reais’, que são perfeitas não pelo tempo que ficam nas academias ou pelo número de cirurgias plásticas que colecionam, ou que em meio a uma festa de aniversário fica contando quantos gramas há em cada docinho comido. Mulheres que tem total disposição para acordar cedo, sorrir para o dia e amar tudo e todos que encontrará pela frente. Que trabalha, sonha, estuda, brinca, dança, chora, e que também se cuida, se arruma, valoriza a beleza não para ser vista como uma vitrine, mas porque estando bem, é feliz e assim é capaz de ir ao encontro do outro.

Não é raro ver amigas que mesmo com academia e constante redução alimentar não saem dos consultórios médico com problemas de saúde. Também não é raro ver tantos relacionamentos desfeitos e tanta insegurança nas relações… Se a beleza física garantisse a felicidade máxima talvez estes aspectos já tivessem sido superados! Desejamos ser  mulheres lindas, verdadeiras, que se reconhece feminina, mas que não se deixa refém da ditadura da magreza, da busca infinita e angustiante da beleza externa.

Acredito na beleza, na busca de uma vida saudável onde o amadurecimento físico e espiritual convivam equilibrados. É hora de cada mulher valorizar-se por inteira buscando uma beleza saudável, tranqüila e vivaz, sem paranóias e ansiedade.

E como o poeta Tom Jobim já declarava:

Ela é carioca
Ela é carioca
Basta o jeitinho dela andar
E ninguém tem carinho assim para dar
Eu vejo na cor dos seus olhos
As noites do Rio ao luar
Vejo a mesma luz
Vejo o mesmo céu
Vejo o mesmo mar
Ela é meu amor, só me vê a mim
A mim que vivi para encontrar
Na luz do seu olhar
A paz que sonhei
Só sei que sou louco por ela
E pra mim ela é linda demais
E além do mais
Ela é carioca

Fontes: MSN

Revista norteamericana traz modelos gordinhas para a edição de novembro