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Venha cair no samba da Lapa

05 nov 2010

Reduto de diversos sons da música brasileira

Conhecendo de perto a vida dos cariocas, é possível perceber que nenhum ritmo traduz melhor a energia contagiante da cidade como o samba. Ele não só é a essência do carnaval do Rio, como também é sinônimo de festa durante todo o ano, levando alegria para cariocas e visitantes. E é nos arredores da Lapa, o cantinho mais boêmio do Rio, que se encontra um reduto de diversos sons da música brasileira e, claro, o querido samba é uma presença certa por lá.

Ao longo dos anos, a região ficou conhecida por essa efervescência cultural e passou a ser um ponto obrigatório no roteiro de qualquer turista. São diversas opções de casas noturnas que promovem animadas rodas de samba, em diferentes dias da semana, para quem quiser sambar ou tentar os primeiros passos no salão. Entre elas se destacam o charmoso Centro Cultural Carioca (CCC), o tradicional Clube dos Democráticos e o criativo Café Cultural Sacrilégio. Todos ficam próximos e são uma ótima dica de diversão com os amigos.

A programação do Sacrilégio, por exemplo, dedica a quinta-feira para aqueles que quiserem ouvir choro, samba, samba-enredo e partido alto, em uma das principais vias do bairro, a Avenida Mem de Sá. É para ninguém ficar parado e curtir o clima descontraído. Pensando nisso, o cardápio conta também com muita criatividade e todos os pratos brincam com o nome da casa – Sacrilégio. Um deles é o petisco “Pecado da Gula”, que vem com salame, lagarto defumado, copa, cammembert, mussarela de búfala, geléia e torradas. Com boa música e um cardápio apetitoso, a casa conquista frequentadores assíduos e vai acumulando histórias. Aliás, todas as paredes da casa guardam memórias, como a presença habitual da pequena notável Carmem Miranda, que aprendeu o ofício da chapelaria com a proprietária da casa. Além disso, foi também a residência do chorão João Pernambuco por dez anos, que recebia Donga, Pixinguinha, Villa-Lobos em seus saraus.

Em um histórico sobrado da Rua do Teatro, na Praça Tiradentes, fica o simpático Centro Cultural Carioca, com suas varandas voltadas para o Teatro João Caetano e para o Real Gabinete Português de Leitura. Com arquitetura do início do século XX, o espaço tem uma trajetória musical que vale a pena ser lembrada. Lá funcionou, entre as décadas de 30 e 60, o famoso Dancing Eldorado, frequentado por grandes nomes como Mário Lago e Elizeth Cardoso. Foi também no CCC que o cantor Orlando Silva ouviu a música Carinhoso pela primeira vez, interpretada pelo próprio autor, Pixinguinha. Depois desse encontro, Orlando convidou o Braguinha (João de Barros) para fazer a letra para a música e assim, em 1937, nascia um dos clássicos da música brasileira.

Após essa passagem histórica, o CCC continua de olho na música brasileira. As sextas-feiras são animadas pelo Pagode da Tia Doca, pastora da Velha Guarda da Portela. O pagode começou há 35 anos em Osvaldo Cruz, onde Tia Doca morava. A pastora faleceu no dia 25 de janeiro do ano passado, mas seu filho Nem dá continuidade ao projeto no palco do CCC, sendo uma das mais tradicionais e importantes rodas de samba da cidade. Como a roda começa às 19h30, é uma ideia para quem quer sair do trabalho e já começar a aproveitar o final de semana.

Já na rua do Riachuelo está o Clube dos Democráticos, fundado em janeiro de 1867 por um grupo de comerciantes e boêmios, liderados pelo português José Alves da Silva. Em um dia do ano de 1866, eles se reuniram na “Maison Rouge”, famoso bar e confeitaria, e compraram um bilhete de loteria, em homenagem ao dia de Nossa Senhora da Glória, com a intenção de fundar uma Sociedade Carnavalesca, se sorteados fossem. E o que seria um milagre aconteceu. A turma foi sorteada e, no ano seguinte, abriram as portas do futuro Clube dos Democráticos, que há oito anos apresenta a Roda de Samba do Anjos da Lua, sempre às quintas-feiras. O repertório conta com mais de um século de música, com grandes nomes como Donga, Ismael Silva, Wilson Batista, Noel Rosa, Haroldo Barbosa, Zé Ketti, Cartola e muitos outros.

Foto: Pedro Kirilos|Riotur

Fonte: GuiaRio

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  • Hélio Shiino
    Quando se fala da Lapa, não há como não deixarmos de citar os seus Arcos. E este cartão postal, que são os Arcos da Lapa, é que configura o pano de fundo para os eventos culturais que ferve todo os fins de semana. Por isso a importância de se preservar e mantê-lo bem cuidado, tanto o monumento em si quanto no seu entorno.

    Há um site que hospeda vídeos que mostram a restauração deste patrimônio histório e cultural. Vale dar uma conferida e acompanhar o trabalho dos operários no formato de um diário.

    Aqueduto da Carioca 1750
    Restauração dos Arcos da Lapa 2010
    http://arcosdalapa.blogspot.com