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A Companhia Ensaio Aberto apresenta o espetáculo “Sobre o suicídio”, de Karl Marx, no Espaço SESC, em Copacabana

25 abr 2009

A Companhia Ensaio Aberto, seguindo a sua tradição de enfrentar temas tabu, decidiu encenar o texto “Sobre o Suicídio”, de Karl Marx. O espetáculo fica no Espaço SESC, em Copacabana (RJ), de quinta a domingo, até 3 de maio.

Segundo Luiz Fernando Lobo, fundador da Ensaio Aberto, além de ator, diretor e dramaturgo da peça, o objetivo da companhia é “rasgar o véu de silêncio sobre o assunto”. Assim como no ensaio de Marx, a peça aborda quatro casos reais de suicídio: mulher tratada como propriedade do marido, suposta perda de virgindade antes de casamento, aborto e desemprego.

Cerca de 1 milhão de pessoas se suicidam no mundo por ano. Estima-se que o número de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes. No ranking internacional, o Brasil é o nono país em número de suicídios. Na maior parte dos países, o suicídio está entre as duas ou três causas de morte mais frequentes entre os adolescentes. Para cada morto por suicídio, no mínimo cinco ou seis pessoas próximas do falecido têm suas vidas profundamente afetadas emocional, social e economicamente.

O ensaio “Sobre o suicídio” foi publicado em 1846 por Marx como forma de denunciar o suicídio como sintoma de uma sociedade doente: “É um absurdo considerar antinatural um comportamento que se consuma com tanta frequência; o suicídio não é, de modo algum, antinatural, pois diariamente somos suas testemunhas”, revoltava-se o autor. “O suicídio não é mais do que um entre os mil e um sintomas da luta social geral”, concluiu.

O espetáculo é uma coprodução com a companhia “La Cerisaie”, da Bélgica, que Luiz Fernando e a atriz e produtora Tuca Moraes conheceram em Londres, onde apresentaram pela primeira vez o espetáculo “Estação Terminal”. Além dos dois, o elenco de “Sobre o suicídio” traz ainda as atrizes Fernanda Avellar e a belga Françoise Berlanger. Seu compatriota Jef Dubois assina a iluminação do espetáculo. A trilha sonora e o figurino são de colaboradores antigos da Companhia Ensaio Aberto, respectivamente Felipe Radicetti e Beth Filipecki. A ficha técnica traz ainda Batman Zavareze, que criou a multimídia, e Daniel de Souza, na programação visual.

O espetáculo tem o apoio do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual de Cultura e do SESC Rio, com a perspectiva de um trabalho em prol do bem-estar social. No segundo semestre, a peça está convidada para o XXV Congresso Mundial de Prevenção de Suicídio, em Montevidéo (Uruguai) e também em Bruxelas (Bélgica).

Companhia Ensaio Aberto

A Companhia Ensaio Aberto surgiu em 1992 a partir de uma conversa com um grupo de profissionais dos diversos ofícios teatrais sobre o panorama do teatro na sociedade brasileira contemporânea. Tomou como ponto de partida a inexistência de um teatro crítico e politizado, que discutisse a realidade e onde o mundo seria visto como prioridade.

Estabeleceu-se então uma nova relação palco-platéia, na qual o teatro participa e debate as questões sociais. O primeiro encontro com o público aconteceu em janeiro de 1993 com o espetáculo “O Cemitério dos Vivos”.

De 1998 a 2000, a Ensaio Aberto ocupou o Teatro Glauce Rocha desenvolvendo um projeto de acesso aos espetáculos por um público carente, historicamente afastado dos teatros. Desde então, o movimento social organizado, as universidades e escolas públicas passaram a andar lado a lado com a Companhia.

Em 2000, a peça “Companheiros” fez uma temporada em Portugal. Na época, a Companhia conseguiu uma co-produção com a Câmara Municipal de Lisboa e estreou internacionalmente “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, levando mais de duas mil pessoas ao espetáculo.

Dois anos depois, a Ensaio Aberto montou “A Missa dos Quilombos” e recebeu indicação ao Prêmio Shell na categoria especial por “10 anos dedicados ao teatro social”, e Luiz Fernando Lobo ganhou o prêmio Golfinho de Ouro dado pelo Conselho de Cultura do Estado pelo conjunto de sua obra. O registro da peça acaba de ser lançado em DVD, com músicas de Milton Nascimento e patrocínio da Petrobras.

Em 2007, ao completar 15 anos, a Companhia implantou o sistema de repertório, através do qual alterna suas montagens mais recentes. As últimas criações da Ensaio Aberto foram “Havana Café”, de 2004 e que voltou aos palcos cariocas em 2007; “Olga Benario – um breve futuro” (2006) e “Estação terminal”, que estreou no Spill Festival, em Londres, em 2007, e que ficou em cartaz ao longo de boa parte do ano passado, aos domingos, no Fórum da Ciência e da Cultura da UFRJ.

Desde sua criação, a Companhia Ensaio Aberto consolidou-se como a única do Rio a se dedicar exclusivamente ao teatro político: “Nosso Teatro só adquire validade no debate crítico travado com a realidade”, afirma Luiz Fernando Lobo.

Ficha Técnica
Dramaturgia:
Luiz Fernando Lobo, a partir de ensaio homônimo de Karl Marx
Tradução: Rubens Enderle e Francisco Fontanella – Boitempo Editorial – SP 2006
Direção: Luiz Fernando Lobo
Assistente de direção: Fabiano Xavier
Direção musical e trilha original: Felipe Radicetti
Figurino: Beth Filipecki e Renaldo Machado
Iluminação e direção técnica: Jef Dubois
Multimídia: Batman Zavareze e Fábio Ghivelder
Programação visual: Daniel de Souza
Cenografia: Luiz Fernando Lobo
Assistente de cenografia: Natália Lana
Direção de produção: Tuca Moraes
Assistente de produção: Sandra Oliveira
Preparação corporal: Paula Aguas e Toni Rodrigues
Ciência do novo público: Andréa Barros
Cenotécnico: André Salles
Elenco: Fernanda Avellar, Françoise Berlanger , Luiz Fernando Lobo e Tuca Moraes

SOBRE O SUICÍDIO
Espaço SESC –
www.sescrio.org.br

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Telefone: 2547-0156
Capacidade: 242 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos
Data: de 2 de abril a 3 de maio, de quinta a domingo
Horário: de quinta a sábado às 21h e aos domingos, às 19h30
Preço: R$ 16,00 (inteira), R$ 8,00 (meia entada) e R$ 4,00 (comerciários)

*Horário de funcionamento da bilheteria para venda e troca antecipada de ingressos: de 3ª a domingo, das 15h às 19h

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