Atitude no palco: Avenida Q utiliza a música para expor atuais conflitos individuais e coletivos
Möeller e Botelho transportaram a Broadway para o Rio com “Avenida Q”
Na arte, a música é uma forma muito utilizada para representar emoções. A convergência com o teatro consagrou um gênero muito exibido nos Estados Unidos, na Broadway: o musical. Esse tipo de espetáculo foi inspirado pelas óperas, pela junção da palavra falada, com a música. São os elementos fundamentais, assim como o enredo. Na interpretação teatral se inclui a dança e o canto. Geralmente são apresentadas 20 ou mais canções. Características das peças de musicais podem ser vistas em seriados da televisão, como por exemplo, “Os Simpsons”, “South Park” e o badalado “American High School”, onde repentinamente os personagens dançam e cantam como se estivessem no teatro. No Brasil, o musical “O Fantasma da Ópera” foi um grande sucesso durante os dois anos de apresentação em São Paulo (entre 2005 e 2007). Mais de 800 mil espectadores prestigiaram a obra francesa, escrita em 1910 e representada sob a forma teatral desde 1986, em mais de 20 países. Outro marco do teatro musical brasileiro foi “A Ópera do Malandro”, de Chico Buarque de Holanda, que estreou em 1978 e que ainda faz sucesso nas apresentações por todo o país.
(Leia: A Broadway está no Rio!)
Já deu para sentir a dificuldade e a responsabilidade em produzir um espetáculo musical. Os produtores Charles Möeller e Claudio Botelho de “Avenida Q“, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio, sabem muito bem desses desafios. Ainda mais quando se trata de uma adaptação. Para transmitir à platéia os sentimentos originais do espetáculo, Möeller e Botelho transportaram a Broadway para o Rio. Assistir ao musical Avenida Q é ter diante dos olhos a história de uma vizinhança com pessoas bem distintas e até politicamente incorretas, mas com algo em comum: todas buscam o seu lugar ao sol. É um retrato rebuscado dos conflitos pós modernos, onde trabalhadores, malandros, orientais, artistas, homossexuais, mulheres amarguradas, internautas tarados e jovens sem perspectiva de futuro convivem na cidade mais eclética e multicultural do mundo: Nova York.
O musical tem como enredo a história do jovem Princeton, que sem dinheiro e rumo na vida, já que é recém formado e desempregado, só encontra casa para alugar na Avenida Q. Lá ele convive com Nicky, um rapaz de bom coração; seu companheiro de quarto Rod, um bancário misterioso e conservador; Brian, um comediante sem emprego e sua noiva, a JapaNeuza; Kate, a romântica professora assistente do jardim de infância; Gary Coleman, o zelador, que é um decadente astro de TV; a excêntrica Lucy De Vassa; Trekkie Monster, louco por internet; Ursinhos malvados e Dona Coisa Ruim. Juntos protagonizam divertidas aventuras e confusões dentro da maior cidade do mundo. Canções como: Todo mundo é meio racista e Se você fosse gay, exploram os assuntos polêmicos de forma envolvente.
Apesar da complexidade dos temas abordados na peça, como sexo, homossexualismo, desemprego e pornografia virtual, são duas horas de puro humor. Principalmente nas músicas, com estilo pop. O autor do texto original, o americano Jeff Whitty, adota um discurso direto cujos assuntos não chegam a ser novidade, mas convergem com os tons, as ironias e irreverências das canções. Um dos grandes desafios na adaptação brasileira foi trabalhar com a junção de personagens humanos com bonecos de marionete. O resultado não poderia ter sido melhor, a convivência entre eles é harmônica. Mas não pense que o espetáculo pode ser assistido por crianças, porque ele é para “gente grande” mesmo, seja na interpretação ou nas músicas, quase sempre com letras fortes, inclusive com grande carga de palavrões. Pode-se até arriscar em dizer que o diretor Charles Möeller sensibiliza a platéia com uma boa “visão” – e por que não, “carioca”!?.
Eduardo Rolim e Thaise Gomes
Avenida Q
Teatro Clara Nunes – Shopping da Gávea, 3º piso – Tel: 2274-9696.
Dias e horários: Qui e sex, às 21h30m. Sáb, às 17h e às 21h30m. Dom, às 20h.
Elenco:
André Dias – Princeton e Rod
Cláudia Netto – JapaNeusa
Fred Silveira – Trekkie Monstro e Nicky
Gustavo Klein – Ursinho do Mal
Maurício Xavier – Gary Coleman
Renata Ricci – Ursinha do Mal, Dona Coisa Ruim
Renato Rabelo – Brian
Sabrina Korgut – Kate e Lucy
Crédito: Foto extraída da página http://www.moellerbotelho.com.br/
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