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Passeio arrepiante: uma viagem, com volta, ao lugar de descanso eterno

13 mar 2009

Passear no cemitério pode ser uma boa atividade para conhecer a história de uma região

Anjo de mármore no Cemitério São João Batista, sob o Cristo Redentor *

O clima desta sexta-feira 13, que é a segunda deste ano que ainda terá mais uma, em novembro, suscita um turismo bem exótico. Já ouviu falar de arte tumular? Ou de turismo cemeterial? É isso mesmo que parece: passeios em cemitérios. Esqueça as assombrações ou o ar sinistro, o lugar do repouso eterno guarda riquezas históricas e artísticas. E há quem diga que é como visitar um museu, mas a céu aberto. Em países como França, Inglaterra, Portugal e Argentina essa prática é bem comum. No Brasil, ainda não é muito apreciado ou visto com bons olhos, mas existem tours especialmente elaborados para os que ainda não “passaram dessa pra melhor”.

Uma visita ao cemitério pode ajudar a entender a classe social de uma determinada sociedade, os seus costumes e crenças. Em São Paulo, uma das necrópoles mais visitadas é o Cemitério da Consolação. Sendo o mais antigo da cidade, desde 1858 ele abriga túmulos de muitas personalidades como Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Campos Salles e Marquesa de Santos. A área de 76.340 m² guarda centenas de túmulos que são verdadeiras obras de arte, feitas de mármore Carrara, granito e bronze, assinadas por artistas como Victor Brecheret, Bruno Giorgi e Francisco Leopoldo e Silva. O mausoléu da tradicional família Matarazzo, criado pelo italiano Luigi Brizzolara é o maior da América Latina, com uma área de 150 m2, 20 metros de altura e 28 jazigos.

Desde 2001, o Cemitério da Consolação, desenvolve o Projeto Arte Tumular, do Serviço Funerário Municipal. Consiste em promover visitas monitoradas, com grupos de no máximo 15 pessoas. O passeio é gratuito, porém, é necessário agendar, já que são muitos os interessados. Um fato bem curioso é que no século XIX, quando foi inaugurado, o Cemitério recebia corpos de fazendeiros do café, escravos, médicos, comerciantes, enfim, toda a sociedade paulista, independentemente de posição social, cor ou crença religiosa. Esse quadro mudou no século XX e o cemitério passou a receber somente pessoas da classe média alta.

(http://portal.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/servico_funerario/arte_tumular/0001)

** Extraída da página de Tatiana

Túmulo do cantor Cazuza, um dos mais visitados no Cemitério São João Batista **

No Rio de Janeiro, o cemitério mais visitado é o São João Batista, localizado em Botafogo. Grandes personalidades jazem neste lugar. As esculturas dos jazigos e mausoléus são belas obras de arte sacra, imagens de artistas em bronze, trechos de poemas e músicas nas lápides de mármore, arte abstrata e obras de artistas como Rodolfo Bernadelli, José Cezário de Salles e Heitor Uzal. Alguns dos túmulos mais procurados no São João Batista: Chacrinha, Cazuza, Nelson Gonçalves, Santos Dumont, Carlos Jobim, Ary Barroso, Carmem Miranda, entre outros. O maior cemitério do Rio, o São Francisco Xavier no Caju, zona Norte da cidade, não fica de fora nos roteiros, segunda a Santa Casa da Misericórdia, que administra a necrópole, eles recebem quase um milhão de visitantes por ano. Alguns dos falecidos mais ilustres: Tim Maia, Dolores Duran, Noel Rosa, Cartola, Jamelão e o líder espírita Bezerra de Menezes.

Há profissionais de turismo que não se interessam muito por este segmento, pois dois motivos, um deles é o descuido em cemitérios de todo o Brasil. Infelizmente há obras depredadas e pixadas. Outro fator é o de ser um país muito supersticioso, principalmente com os assuntos relacionados aos mortos. A data que geralmente é escolhida para visitar os túmulos dos entes falecidos é o Dia de Finados, dois de novembro, em sinal de respeito. Além da superstição e do medo, o que passa pelo imaginário coletivo é a curiosidade. É o que geralmente move as pessoas a conhecerem mais sobre o mundo fúnebre. Existe um site que informa os locais onde estão enterrados grandes nomes da história, por todo o mundo. Apesar de ter um pequeno registro de brasileiros – pouco mais de 20 personalidades – é interessante para fazer uma pesquisa. (www.findagrave.com)

A matéria poderia ser mais bem exemplificada com a entrevista do professor e guia de turismo Milton Teixeira, que tem formação em arquitetura e realiza passeios nos cemitérios do Rio. Porém, de forma ignorante, ele não aceitou conceder entrevista para o Visão Carioca. “Na semana que vem o Jornal O Globo vai publicar uma matéria sobre meus passeios, então, não tenho nenhum interessante em responder essas perguntas”, disse ele ao telefone. Infeliz e lamentável comentário.

Thaise Gomes

Thaise Gomes é formada em jornalismo. Trabalha há cinco anos em marketing, na área de turismo. Nascida no Rio de Janeiro, em Laranjeiras, sempre viveu nesta cidade. Sua experiência com turismo permitiu que conhecesse várias regiões do país, mas sempre levando o espírito Carioca. Sugira pautas para o Visão Carioca, pelo e-mail: thaisemaria@gmail.com .

Fotos:
* Extraída da página de André Mendonça: http://www.pbase.com/andremendonca/image/30730164
** Extraída da página de Tatiana: http://janeiroderio.blogspot.com

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Famtour, Turismo
  • Lêda
    Passeio arrepiante: uma viagem, com volta, ao lugar de descanso eterno

    Gostei desse post, pq a coisa mais certa da vida é que todos nós vamos morrer, até pq ao nascermos a morte já nasce com a gente.
    Eu gostaria de fazer um passeio desses, mais não tendo como guia o professor e guia de turismo Milton Teixeira, se a jornalista que publico essa matéria informa que “de forma ignorante, ele não aceitou conceder entrevista para o Visão Carioca”.
    Na minha concepção ele não vai ser um bom guia pq provavelmente está estressado e fala sério fazer um passeio desse com algúem assim se torna maçante.
    O fato dele não ter dado a entrevista quem sabe ele não está guardando para dar lá no além.

  • Thaise Gomes
    Obrigada pela opinião e apoio.
    O assunto é muito interessante, mas é uma pena que nem todos quiseram colaborar.
  • dougcaju
    muito bom ver o tumulo do nosso grande idolo cazuza…
    sou paulista mais tenho certeza q ainda irei ate o rio conhecelo de perto…
  • Renata
    Me interesso muito em um passeio como esse, como faço para encontrar os guias certos? Maioria de quem convido não quer ir, mas quero fazer uma visita turística tal como em um museu, até pq não sei onde estão os túmulos mais visitados. Se alguém puder me informar, agradeço.