Oi Futuro mostra exposição inédita de artista brasileiro que cria obras transgênicas
O Oi Futuro celebra 30 anos de carreira do artista plástico Eduardo Kac, com a exposição Eduardo Kac: lagoglifos, biotopos e obras transgênicas, que ocupará todos os espaços do prédio do Flamengo, de 26 de janeiro a 07 de março. Esta é uma rara oportunidade de conhecer um apanhado significativo das obras mais recentes do brasileiro, radicado nos Estados Unidos há 21 anos.
Com curadoria de Christiane Paul, do Whitney Museum of American Art, de Nova Iorque, a exposição sublinha a poética das obras concebidas por Kac, que cria novas formas de vida. As obras – inéditas no Brasil e algumas nunca antes mostradas em qualquer parte do mundo – permitem conhecer a linguagem única de Eduardo Kac, pioneiro da bioarte e da arte transgênica.
Sua obra mais difundida e controversa é GFP Bunny, de 2000. A coelha Alba – criada com um gene verde fluorescente encontrado na água-viva, que permite ao animal emitir luz verde quando exposto à luz azul – teve enorme repercussão mundial e gerou, nos últimos dez anos, uma série de trabalhos aos quais Kac deu o nome de Rabbit remix. Esses trabalhos estarão na mostra.
Logo ao entrar, o visitante verá um painel com uma foto de satélite dos arredores do prédio, destacando uma obra de Kac que está instalada no terraço. A foto foi feita pelo Google Earth, especialmente para a ocasião, e a obra é um lagoglifo (palavra criada pelo artista para designar representações gráficas da coelha, sempre em verde e preto) aplicado em lona. A instalação recebe o nome de Lagoogleglyph.
Uma série de 12 lagoglifos, em gravuras, estará exposta no primeiro nível do Oi Futuro. Pela primeira vez no mundo, elas serão apresentadas sob luz ultravioleta, realçando as duas camadas do desenho. Junto dos lagoglifos, mais uma obra inédita: uma animação paramétrica, que se comporta como organismo vivo, em constante mutação. Feita de modo que os padrões jamais se repitam, a animação, em tempo real, não está em loop, nem tem começo, meio e fim. Completam essa etapa da exposição, discos de aço, também inéditos, que contêm cinco mensagens lagoglíficas que serão enviadas por uma estação espacial da Flórida à constelação de Lepus.
No quarto nível, estará exposta a História natural do Enigma. Fazem parte da obra, a flor Edunia, seis fotos, seis litografias e pacotes de sementes da flor. Criada através de engenharia genética, entre 2003 e 2008, ela é um híbrido do DNA do artista e da petúnia.
Fecham a exposição os biotopos e os kits transgênicos. Os primeiros compõem a obra Espécime do segredo sobre descobertas maravilhosas e são matéria viva, que reage ao ambiente e necessita de alimento para ser mantida. As formas dos biotopos dependem diretamente de como são tratados e das condições às quais são expostos. O suporte usado é feito de metal e acrílico. Já os kits transgênicos são estojos com poemas contendo placas de Petri, pipetas e outros instrumentos próprios de laboratório.
PERFIL
Eduardo Kac nasceu em 1962. Formou-se em Comunicação Social pela PUC-Rio. Nos anos 80, dedicou-se à poesia e à performance de conteúdo político e humor. Em 1983, lançou o livro Escracho, que se encontra na coleção do Museum of Modern Art de Nova Iorque, e realizou trabalhos da rede videotexto, precursora da internet, em 85 e 86. Inventou a holopoesia, uma nova linguagem poética. Em 1984, participou da mostra Como vai você, Geração 80? no Parque Lage. Seus holopoemas renderam uma individual no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, no ano seguinte. Foi artista-residente do Museu de Holografia de Nova Iorque. Em 1988, apresentou em mostra individual na Funarte, no Rio de Janeiro, seu trabalho de holografia digital. Ainda na mesma década, Kac escreveu cerca de 80 artigos sobre arte eletrônica, literatura e cultura de massa, publicados, em sua maioria, em jornais como, Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil. Os artigos reunidos viraram o livro Luz & letra. Ensaios de arte, literatura e comunicação, publicado em 2004.
Em 1989, Eduardo Kac muda-se para os Estados Unidos, obtendo o título de Mestre em Artes Plásticas na The School of the Art Institute of Chicago, no ano posterior. Hoje, é Professor Titular da instituição. Em 2004, concluiu Doutorado pela Universidade de Wales, no Reino Unido.
Seus experimentos ainda se estendem aos campos da arte da telepresença, que se baseia no deslocamento dos processos cognitivos e sensoriais do participante para o corpo de um telerrobô, e da arte biobótica. Em sua obra A-positivo, mostrada durante o Simpósio Internacional de Arte Eletrônica, em Chicago, em 1997, o próprio artista doou seu sangue em tempo real a um biorrobô e em troca, este lhe doou nutrientes, por via intravenosa.
Para a exposição Arte Suporte Computador, realizada em São Paulo, em 97, Kac teve um microchip (um transponder de identificação) implantado em seu calcanhar esquerdo. A obra Time Capsule levantou problemas sobre ética na era digitaç e a relação entre identidade e memória artificiais armazenadas dentro do corpo humano.
Em 1999, Kac inaugura mais um capítulo da arte contemporânea, batizado de “arte transgênica”, com a obra Genesis. Realizada no festival Ars Electronica, na Áustria, a obra consistia num gene criado através da tradução de um trecho em inglês do Velho Testamento para código Morse, e depois, de código Morse para DNA, de acordo com um código desenvolvido por Eduardo Kac. O gene foi introduzido em bactérias, postas em placas de Petri, sobre uma caixa de luz ultravioleta, que foi controlada por participantes remotos na web. Sua interferência causava mutações do código genético, mudando o texto contido no corpo das bactérias.
Em 2000, o artista gerou grande polêmica internacional com sua obra GFP Bunny, que incluiu a criação, através de engenharia genética, de uma coelha com EGFP, uma versão sintética e aprimorada do gene verde fluorescente do tipo selvagem original, encontrado na água-viva. Sob luz azul, a coelhinha, que recebeu o nome de Alba, emitia luz verde. Ela foi apresentada publicamente, pela primeira vez, em Avignon, na França. O fito do trabalho foi propor uma nova forma de arte decorrente do uso de engenharia genética com o objetivo de criar seres vivos únicos.
Em 2001, Kac criou sua terceira obra transgênica, O Oitavo Dia, uma verdadeira ecologia de seres trasgênicos verdes, todos criados com GFP. A obra, que se conectava à internet de várias formas, ainda incluiu um robô biológico, o segundo criado por ele. A obra foi apresentada no Institute for Studies in the Arts, Arizona State University, em Tempe, Arizona.
Em seguida, vieram as obras Move 36 (2002/04), apresentada na Bienal de São Paulo em 2004, e a série Espécime do segredo sobre descobertas maravilhosas (2006), apresentada pela primeira vez na Bienal de Singapura em 2006.
Entre 2003 e 2008, o artista criou “Edunia”, um plantimal. A flor foi criada através de engenharia genética, e é um híbrido do artista e petúnia. A obra História natural do enigma foi exibida no Museu de Arte Weisman, nos Estados Unidos, de abril a junho de 2009. “Edunia” tem veias vermelhas e pétalas cor de rosa, sendo que o gene do artista é expresso em todas as células de suas veias, isto é, o gene de Kac produz uma proteína somente na rede venosa da flor. O gene foi isolado e sequenciado a partir do sangue do artista.
Eduardo Kac é representado no Brasil com exclusividade por Laura Marsiaj Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. Sua obra está documentada em oito idiomas em seu site <www.ekac.org>. Atualmente, é professor do Departamento de Arte e Tecnologia do Instituto de Arte de Chicago. Seus diversos artigos para os maiores jornais do país, versando sobre arte eletrônica e cultura de massa, publicados durante os anos 80, foram reunidos na coletânea Luz e letra: ensaios de arte, literatura e comunicação, em 2004. No ano seguinte, publicou o livro Telepresence and bio art – networking humans, rabbits and robots, que traz seus textos publicados em revistas e periódicos, de 1992 a 2002. Suas obras são exibidas, regularmente, na América do Sul e do Norte, na Europa, na Ásia e na Austrália, além de estarem incluídas nas coleções de diversos museus e em coleções particulares.
Presente em várias cidades do país, o Oi Futuro tem a missão de democratizar o acesso ao conhecimento para acelerar e promover o desenvolvimento humano. Os programas do instituto têm como foco principal a promoção de um futuro melhor para as crianças e jovens do Brasil, reduzindo distâncias geográficas e sociais. São mais de três milhões de jovens atendidos pelos programas Oi Tonomundo, Oi Kabum! Escolas de Arte e Tecnologia, NAVE, Oi Conecta e Oi Novos Brasis. Na área cultural, O Oi Futuro atua como gestor do Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG), além do Museu das Telecomunicações nas duas cidades. O Oi Futuro apoia ainda projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. Com isso, a Oi foi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos sócio-educativos inseridos na nova Lei.
Serviço:
De 26 de janeiro a 07 de março | Térreo e níveis 2, 4 e 5
De 11h às 20h
Classificação etária: livre
Entrada franca
Oi FUTURO – Flamengo
Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
(21) 3131-3060
www.oifuturo.org.br
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