Nosso trem-bala vai atrasar
Chegou com 90 dias de atraso, o que é absolutamente inadequado para um transporte de alta velocidade, mas estacionou na plataforma dos técnicos do Ministério dos Transportes o primeiro estudo técnico que o governo encomendou à consultoria inglesa Halcrow sobre o projeto do trem-bala para ligar o Rio a São Paulo capital e Campinas. O documento sobre uma obra de 11 bilhões de dólares, e sobre a qual a ministra-candidata Dilma Roussef já deu seu aval e disse que vai sair, traz detalhes sobre o traçado, viabilidade financeira, etc. É possível que ainda este mês todos os grupos interessados na concorrência tenham acesso aos dados preparados pelos ingleses. De qualquer forma, já está claro que o sonho de ter o trem-bala funcionando a todo vapor, ou a toda voltagem, até a Copa de 2014 é impossível. No lado de São Paulo, tudo deve ficar pronto a tempo, mas nas terras do Rio de Janeiro questões ambientais e geográficas na Serra das Araras serão um motivo d e atraso.
A obra tem tudo que o governo quer neste momento de crise e de véspera de eleições estaduais e presidenciais, especialmente o fomento de empregos. Para se ter uma idéia, dos 11 bilhões, quase oito bilhões serão gastos com obras civis de engenharia e que promovem grande ocupação de mão-de-obra.
São vários os grupos estrangeiros interessados e eles já procuram associações com empresários brasileiros e com os fundos de pensão. São a francesa Alstom, a alemã Siemens, a japonesa Mitsui, as estatais responsáveis pelos trens de alta rápidos da Coréia do Sul e China e também a italiana Ansaldo Breda.
A questão da tarifa que é determinante em outras concorrências da União não deverá ter grande peso agora. Conta mais nos gabinetes de Brasília a proposta que demandar menores recursos dos cofres públicos em contrapardida. Outro critério importante é o prazo da obra. Quem apresentar condições de realizá-la em menos tempo pode ganha r a concorrência, mesmo que apresente um preço maior do que os demais. Muitas empreiteiras brasileiras já estão se movimentando em busca de associação com os estrangeiros.
O governo acredita que até julho o edital de licitação já esteja pronto para o percurso de 530 quilômetros. O que não está claro até agora e ninguém diz, nem governo nem concorrentes, é se o valor da passagem será competivo com o cobrado atualmente na Ponte-Aérea entre Rio e São Paulo. Mas esta não parece ser uma questão tão profunda quanto o desejo e tocar a obra e criar empregos.
Por Eucimar de Oliveira
Fonte: Youpode
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